terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Viagem do BAU - Brasil, Argentina e Uruguai - com Harley

Dia D-1
Esse passeio começou a germinar quando estávamos no Encuentro de Assuncion em 2011. A idéia inicial era seguir para o Encuentro de Mar del Plata e fazer um tour pela Argentina e Uruguai, mas os planos precisaram ser modificados acomodando-se às nossas disponibilidades.
Pesquisando na internet a variedade de opções interessantes foi sendo delimitada, até que surgiu um esboço do que seria visto. Desde o início, a Ruta 14 e os problemas com a lendária Policia Caminera se salientaram, em especial porque alguns amigos que por lá passaram, nos últimos meses, tiveram problemas sérios com os rodoviários. Numa matéria conjunta do jornal Clarín e Zero Hora a rodovia já foi nomeada "ruta de la coima".
Outro problema em destaque dizia respeito à disponibilidade de nafta nos postos argentinos pois "vira e mexe" os distribuidores cortam o fornecimento na queda de braço com o governo. Considerando a autonomia da 883R, um percurso próximo à fronteira com o Uruguai parecia ser o ideal, pois se ficasse inviável rodar pela Argentina poderíamos cruzar o Rio Uruguay e descer pelo lado uruguaio.
Procurei informações sobre as documentações exigidas e providenciei as necessárias cartas verdes e legalizações junto ao Ministério das Relações Exteriores e consulados. Aliás, em visita aos consulados recebi graciosamente material de divulgação turística e mapas.
A ansiedade natural experimentada até que se iniciasse a viagem foi sendo administrada com as providências de sempre, natação para preparar o corpo e a preparação das motos. Depois da troca de óleo e filtros as HD estavam tinindo para encarar a estrada.
Apesar de uma experiência anterior decepcionante, numa viagem para Ouro Preto/MG, resolvi fazer uma experiência e instalei um GPS. A proposta era conferir o quanto ele ajuda, ou não.


13 seg > A previsão de tempo indicava chuva desde o primeiro dia de estrada, mas na saída de sampa até Registro/SP tivemos céu de brigadeiro, um modo perfeito de começar a viagem, permitindo ajuste de ritmo e apreciar a paisagem. Em Registro, as primeiras gotas no windshield avisaram que o tempo ia mudar. Vestimos as capas e seguimos sob uma chuva que oscilava de moderada a intensa.
O pessoal que administra a Régis Bitencourt (BR116) conhece muito bem onde estão os problemas, bastava vermos placas indicando trecho com pista derrapante e imediatamente encontrávamos automóveis e caminhões nas áreas de escape após perda de controle... por que será que não usaram esse conhecimento para fazer as reformas necessárias, trocando o asfalto escorregadio ou uma nova engenharia nas curvas?
Ah! o GPS! Bem, apesar de "perdido" depois de Registro/SP, mostrando que eu estava rodando fora da pista, nos últimos 70km até Curitiba/PR ele mostrou a que veio, nos conduziu pelo anel viário sem uma única mancadinha, perfeito, além do que na hora de rush isso não tem preço! beleza. Fomos parar em São Mateus do Sul/PR e aproveitamos para curtir um fim de tarde numa cidadezinha interiorana.



14 ter > Uma noite de sono reparadora. Assim que fomos para a estrada começou a chover. Quando o pé dágua engrossou estávamos na BR153 com destino a Santa Catarina, a estrada esburacada, com costelas de vacas, mamutes e megatérios(??) é perfeita para o rodeio com harleys(!!) o trânsito pesado de caminhões nos dois sentidos piorou e em alguns momentos a cortina de água que levantavam equivalia a jatos de lava-rápido, de baixo para cima, dentro da viseira (!!).
Mais à frente, a chuva acalmou. Em dado instante, estávamos em velocidade moderada fazendo a ultrapassagem dos caminhões, até que encontramos 3 carretas, daquelas que costumam rodar coladinhas, iniciei a ultrapassagem e a parceira me acompanhou, até que na terceira ao olhar o retrovisor não a vi, fui para o acostamento, e, quando um caminhão passou dando sinal de farol, caiu a ficha, algo sério tinha acontecido, retornei e vi a moto no chão, a parceira mais à frente deitada no acostamento. Ela avisou que sentia "a dor mais forte" no joelho. Um anjo do asfalto (até então um simples camioneiro) tirou a moto da pista e outro trouxe uma garrafa de água. Após alguns minutos, percebendo que não havia sinal de celular e os paramédicos que poderiam ser encaminhados para prestar os primeiros socorros, certamente, elegeriam outras prioridades, a parceira mostrou sua têmpera, testou o pé e vendo que "está funcionando" decidiu experimentar até onde dava para prosseguir com a moto. Seguimos em frente até avistarmos uma farmácia na beira da estrada onde compramos "todo o estoque" de gelol spray (2 unidades!), após o ardor inicial a guerreira conseguiu esboçar um sorrisinho... A corajosa e estóica parceira conduziu sua moto até a cidade de Ijuí/RS conforme o planejado inicialmente. Baixou um certo anti-clímax quando tivemos que percorrer mais 15km para fora da cidade em busca do Hotel... será que vai complicar? Era a dúvida...



15 qua > O Hotel SPA em Ijui/RS não poderia ter sido melhor escolhido, relax na pileta, e, após a janta, cama muito macia para recompor as energias. O joelho estava inchado e dolorido mas o spray ajudava com o alívio momentâneo.
Pela manhã, uma visita à loja local da Honda, e, com uma porção de epoxi para sobrepor um espelho no retrovisor mais uma lâmpada no pisca traseiro, a poderosa 883 já estava pronta para retomar a viagem. Viva a fraternidade motociclística! o auxiliar técnico parou o que estava fazendo e dedicou-se em ajudar os desconhecidos viajantes a prosseguir com a jornada. Valeu!
O dia começou quente, tempo firme. Sim, o pior ficou para trás. A partir dali a temperatura se estabilizou, variava de 27 a 34 graus e sem chuvas. Uma paradinha para conhecer São Miguel das Missões/RS, almoço regional estilo caseiro, feito pela vó, delícia! Fim do dia em Uruguaiana/RS, a 5km da fronteira com a Argentina.





16 qui > Dormi tranquilamente até que às 02:00h fui acordado pelo batuque carnavalesco que durou hora e meia. Pela manhã, o recepcionista orgulhoso explicou que era o "esquenta" para 7 de março, segundo ele, o terceiro melhor carnaval do Brasil. Opa! hora de cair fora pois um dos motivos da viagem era escapar do samba! kkk
Antes de deixar a cidade, na farmácia em frente adquirimos alguns emplastros porque "a dor maior" passou para o pescoço. O joelho começou a mostrar sinais de desinchaço.
Dia claro, atravessamos a ponte fronteiriça e na aduana, assistindo a rigidez da fiscal com argentinos que alegavam terem esquecido de carimbar seus papéis, fiquei imaginando como seria o nosso tratamento, mas nada disso, não tivemos qualquer problema ou atendimento ríspido. Aduana resolvida, hora de abastecer. Sim, o espertão pensando em começar a usufruir das delícias da nafta argentina deixou para abastecer no posto YPF local. Lá chegando, nada feito, : - "sin nafta"... E nas "otras estaciones?" - "no lo sé"... Fizemos meia volta, retornamos ao Brasil, abastecemos os tanques e um galãozinho reserva para ajudar na autonomia da sportster.
Encontramos mais postos em Paso de los Libres/AR "sin nafta"... alguns kilômetros depois passamos a ver postos abertos e filas imensas de automóveis aguardando sua vez... Hum... será que é uma furada? O jeito seria parar a cada 80km no primeiro posto e manter o tanque cheio, mas à medida que nos afastamos da fronteira percebemos que havia uma boa oferta de nafta.
O problema encontrado foram as condições da pista, como a Ruta 14 está passando por duplicação, em muitos trechos o trânsito é deslocado para as laterais que recebem uma grossa camada de cascalhinho liso, um "prato cheio" para as HD, o que é "melhorado" pelo tratamento que os motoristas argentinos dispensam aos motociclistas, simplesmente, ignoram e arremessam seus veículos em sua direção... %*#@%¢
E a Polícia Caminera? Nos acenaram duas vezes, reduzimos e nos mandaram prosseguir sem uma pergunta sequer. Conclusão, as histórias terríveis não se confirmaram.
Ao buscar informações na Oficina Turística em Gualeguaychú/AR, o pessoal se mostrou vivamente interessado em saber como los brasileños souberam do fantástico carnaval local, o melhor da região mesopotâmica e da Argentina... Opa! De novo? Mas para nossa sorte, ele acontece aos sábados e assim pudemos apreciar um passeio à beira-rio e degustar um peixinho com calma.
A Posada se mostrou um achado, cortesia, atendimento familiar e prestativo, apreciamos bastante a atenção que as duas irmãs nos dedicaram. Detalhe, as tomadas argentinas são diferentes das nossas.







17 sex > Seguimos para Buenos Aires/AR, a estrada foi melhorando e se tornou uma autopista com velocidade sugerida de até 130km/h. Interessante, os responsáveis sabem como fazer uma pista de concreto cujas emendas não são percebidas ao se passar... Taí uma sugestão para o cabidão de empregos, digo, nosso competente DNIT... kkk
Chegamos em BsAs e nos instalarmos no hotel, aliás, outra excelente revelação graças à sua localização privilegiada, na Plaza Recoleta, o que nos proporcionou boas opções de passeios e restaurantes, muito bom.
Deixamos a bagagem e saímos em busca da Harley local. Itinerário que o GPS não destrinchou pois estávamos na Capital Federal e ele não estabelecia o roteiro para a Buenos Aires Província (duas ruas com o mesmo nome e ele só calculava o mais próximo), o que ficamos sabendo ao conversar com um gentil e entusiasmado taxista que desenhou com seus dedos no capô o trajeto e as avenidas que precisavam ser percorridas. Com anotações mentais iniciamos nosso percurso até que ao perguntar a um motociclista, tivemos a grata surpresa dele abandonar seu percurso para nos ciceronear e deixar muito perto do destino final, viva a fraternidade motociclística, de novo!
A loja é de grande porte, dispunha de grande estoque de peças e espero que logo possamos dizer o mesmo das de sampa...
Bem, e o GPS? Ah! o abestado nos trouxe de volta à Recoleta sem nenhum problema... kkk












18 sáb > A programação do sabadão foi encarar o calorzão de verão incorporando a turismania, fomos até a Florida onde tomamos assento no Bus Turistico, com ampla visão panorâmica, e, fizemos o passeio padrão de 3:30h pela cidade, recebendo a todo momento, via fones de ouvidos, as entusiasmadas explicações sobre o que estava sendo visto e as histórias pertinentes, desde a Casa Rosada, Plaza de Mayo, Obelisco, Monumento a los Caídos en Malvinas, Floralis Genérica, Planetário, San Telmo, Caminito, Boca Juniors e etc e etc...
















19 dom > Amanheceu com uma chuvinha que serviu para baixar a temperatura a um nível mais razoável. Como já estávamos na Recoleta o programa foi conhecer o cemitério onde está o túmulo de Evita, entre outras figuras históricas.
Depois fomos andar pelos parques das imediações, comparar sorveterias, zanzar sem rumo e olhar de perto as estátuas. Entre um sorvete e outro, mais lojinhas, Hard Rock Cafe...
Passando pelo supermercado fiquei imaginando, com aquele calor seco de verão, aquelas geladeiras carregadas de Quilmes deveriam exercer uma atração irresistível sobre alguns amigos... kkk
À noite visita a shopping e mais um desafio, tentar escapar das parrilladas... e conseguimos!






20 seg > Deixamos o hotel e rumamos para o Buquebus. Fizemos a aduana tranquilamente e conhecemos uma turma de jaspions, os Cachorros Loucos de Farroupilha/RS, pessoal gente boa, que também estava rodando pela Argentina e agora seguiam para o Uruguai.
Atravessamos o Mar del Plata em uma hora, mas pareceu uma eternidade pois fomos impedidos de ficar perto das motos... kkk Depois de todo o balanço da embarcação imaginando o que estaria acontecendo com nossos brinquedos, ao aportar pudemos constatar que a tripulação tinha "ancorado" as motos à murada e elas estavam exatamente como deixamos. Bom trabalho marujos!
A chegada em Colonia del Sacramiento/UR foi, no mínimo, estranha, ninguém para olhar papéis, fazer perguntas, simplesmente, alguns militares nos fizeram passar por poças antissépticas, para evitar transmissão de doenças para o gado (??) e só.
Seguimos para a Posada del Angel, que é temática, para onde olhávamos víamos anjos... interessante...





21 ter > A Colonia del Sacramiento/UR foi fundada em 1860 pelo português Dom Manuel Lobo, é muito bem conservada em sua arquitetura original e merece visitação. São destaques "la Puerta de Campo y el puente tendido sobre el foso", a Calle de los Suspiros e suas casas típicas "de la primera mitad del siglo XVIII", o museo de los naufragos , la plaza de toros y el faro, ah! tem também os carrinhos muito, muito velhinhos expostos por todo lado, além dos que encontramos rodando.
Andando na cidade sem semáforos e vendo a tranquilidade dos uruguaios tomando seu té nas calçadas fiquei com a impressão que tinha entrado num filme dos anos 60... Gostei!











22 qua > Deixamos Colonia e na estrada para Montevidéu/UR, desde o início com cimento muito liso, passamos por viaturas da Polícia Caminera que não se interessaram por nós. Vez ou outra estavam abordando algum motorista, num estilo low profile...
Chegamos em Montevidéu e o GPS nos levou direto para a Av. Brasil onde está localizada a dealer Harley. Lá chegando, encontramos portas fechadas e o aviso CERRADO, ops! será que chegamos muito cedo? Nada disso, uma uruguaia, fanática por Harley não se conformava com o fato da loja estar fechada por "vacaciones hasta lunes"... kkk
Fomos conhecer o centro da cidade onde, apesar da arquitetura ser bastante atípica, inclusive com o Artigas dominando a praça, só se ouvia brazucas, parecia que o português era o idioma oficial. A parceira se inquietou com alguns tipos bastante comuns no nosso centrão, assim resolvemos procurar um lugar mais afastado para almoçar. Retornamos às imediações da HDUruguai e deparamos com uma turma de PHD de Curitiba que também lastimavam encontrar as portas do santuário fechadas... kkk Pessoal gente boa que estava fazendo um circuito vinícola uruguaio.
Seguimos para Punta por estradas cimentadas e impecáveis, bem policiadas e sem problemas.
Assim que nos instalamos fomos conhecer a loja HD em Punta e a parceira pode se divertir com as novidades... Ui!

 










23 qui > O Hotel Casapueblo em Punta del Leste/UR é um point que recebe centenas de visitantes diariamente, em especial para assistirem o pôr do sol sobre o Mar del Plata. É uma construção exuberante, obra de Vilaró, onde os corredores formam labirintos e em determinados momentos se perde a referência em qual andar estamos. Adotaram uma solução pragmática, além do número nomearam e fixaram desenhos com animais, o que facilita o reconhecimento quando você encontra sua acomodacion. Observando a uma certa distância aquela construção "derramando" pelo rochedo, a impressão que fica é que estamos numa ilha grega... lindo.
Tomando um sorvete na cidade acabamos sendo interpelados por um casal gaúcho, que se interessou em conhecer detalhes do percurso, do ponto de vista de motociclistas. Pessoal simpático, apesar de estarem comprando a moto errada, uma K1600 GTL... kkk
O detalhe sobre o funcionamento do GPS no Uruguai é que ele não localiza endereço se você nomeia a cidade e rua que quer chegar. Por algum motivo é necessário escrever o nome da província como se fosse a cidade e depois escrever a rua. Vai entender?!






 




24 sex > Deixamos o hotel e seguimos para o Chuy/UR, mantendo boa velocidade nas impecáveis estradas. Nos últimos 70km diminuímos o ritmo e seguimos "em procissão" porque uma viatura da Polícia Caminera fazia o mesmo percurso, o bom senso recomendou que mantivéssemos a posição...
Chegamos em Chuy/UR, fizemos a aduana descomplicada, e, almoçamos em Chuí/BR porque os bons restaurantes ficam no lado brasileiro. Além do que foi a primeira oportunidade a saborear um bom feijãozinho... kkk
A BR471 saindo do Chuí está muito boa. A reserva do Taim é linda, pena que muitas capivaras são colhidas quando tentam atravessar a pista. Além de alguns pequenos pássaros fazendo vôo rasante em direção às motos.
Pelotas/RS é uma cidade grande. A Pousada que ficamos estava bem localizada à beira da Lagoa dos Patos mas não dava para ficar mais tempo, a vontade era de apressar o retorno.

 


25 sáb > Saímos com tempo bom mas depois de Sentinela do Sul/RS começou uma chuva intensa. Próximo a Osório/RS o vento lateral às margens do lago açoitava as motos, eles são tão fortes e frequentes que foi instalado um parque eólico para aproveitamento energético. A Heritage rodava "de banda" enquanto eu ficava imaginando as acrobacias que a parceira estava fazendo para alinhar a 883... Mais um desafio vencido. Muito bom!
Para escapar da "obrigação" de encarar o espeto corrido nas churrascarias de beira de estrada, entramos em Porto Alegre/RS para o almoço. Na primeira placa de shopping segui as indicações e chegamos ao Shopping do Porto, pedimos à la minuta, o prato "mais elaborado" disponível, e, tinha feijão! kkk Pena que não tinha uma rede para jiboiar... Olhando os olhos da parceira, começando a mostrar que estávamos há muito tempo na estrada só me ocorreu chamar o Sr Spock e pedir teletransporte para dois... kkk Como não fui atendido, fingi que não sabia da chuvarada que iríamos pegar mais adiante e retornamos para a estrada.
Pernoite em Criciúma/SC pois, pela proximidade, quando planejado, se fizesse tempo bom, facilitaria a transposição da Serra do Rio do Rastro/SC.





26 dom > Com a chuva que pegamos na tarde da véspera mais a previsão de chuva para o dia decidimos não cruzar a Serra R.R., afinal a paisagem merece ser vista com bom tempo para ser devidamente apreciada.
Almoçamos um delicioso peixinho em Itapema/SC e cruzamos o estado com tempo bom. Bastou atravessar a fronteira do Paraná para avistar névoas no alto da serra. Com essa indicação que o tempo ia fechar, vestimos as capas e subimos a serra sob chuva forte. A estrada é boa mas o trânsito pesado de caminhões não era tranquilizador. Assim que chegamos em Curitiba/PR a chuva parou.

 

27 seg > Saímos de Curitiba/PR com tempo bom, mas com a baixa da temperatura decidimos por as capas. Assim que as vestimos a chuva começou e nos acompanhou até a reserva de Jacupiranga/SP.
Chegando na serra um congestionamento nos aguardava, alguns kilômetros pelos acostamentos e encontramos, de novo, um caminhão de leite (em caixas) que derrubou parte da carga numa curva.
Depois da liberação da pista pelo rodoviário, prosseguimos. A estrada estava boa, as médias de velocidade foram melhoradas e curtimos a paisagem.
Chegando próximo de sampa, em Taboão da Serra/SP, alguns relâmpagos e a visão de céu enegrecido avisaram que era hora de por a capa para encarar a última chuva da viagem. Desistimos das marginais e encaramos a chuva densa pelas vias urbanas, alguns cruzamentos já estavam com a água tomando as calçadas. Mais tarde ao cruzar a ponte da Casa Verde pudemos constatar a boa decisão, porque a Marginal Tietê estava "travadinha".
Chegamos em casa com a marca de 4922 km rodados. Valeu!




Day After
Algumas conclusões que sobressaíram numa visão geral do passeio.
O que mais incomodava na fase de planejamento não apresentou a menor relevância no decorrer da viagem. O grande fator adverso que encontramos foram as condições climáticas associadas com as condições péssimas das esburacadas e escorregadias estradas.
Com relação às pessoas, a viagem de moto apresenta algumas características muito específicas, salta aos olhos que viajar de moto é um sonho acalentado por muitos, as pessoas se aproximavam e se interessavam pelas motos e pela nossa jornada a todo instante. Elas viam a parceira conduzindo a moto e perguntavam, como não acreditando em seus próprios olhos, "mas você veio pilotando"? kkk Se fossemos seguir as sugestões, conselhos, convites e orientações que recebemos precisaríamos de muito mais tempo disponível. Sempre que buscamos alguma informação fomos excepcionalmente bem atendidos, desde taxistas a motociclistas, e, em especial, recebemos ajuda, sem pedir, de camioneiros quando a situação ficou grave. Obrigado!
Não vou me estender sobre as qualidades que a parceira mostrou nessa expedição. Em resumo, a pilota foi atingida em pleno vôo mas, com fibra e tenacidade continuou firme na missão e completou o raide estabelecido, simplesmente, é merecedora da Estrela de Prata. Com orgulho eu sempre partilhei as estradas em sua companhia, e, daqui pra frente, com mais orgulho ainda.
Imagens, odores, sabores, sons, sensações, percepções, sentimentos, tudo vai compor nossas coleções de aventuras memoráveis. Foi muito bom passar por tudo isso. Foi bom até o que, no momento, não pareceu bom. Não consigo imaginar melhor desfecho para nossas dificuldades.
Agora é hora de cuidar dos cavalos de aço para que estejam em plenas condições de uso quando solicitados. A próxima jornada? Ainda não sei, vou consultar quem decide... kkk

Good vibrations...

Braço